Hoje tem visita especial aqui em casa!!!

Hoje estou recebendo aqui em casa a visita da minha amiga Andreia Lima. Elas traz pra gente as suas impressões críticas sobre o novo álbum do cantor e compoitor maranhense Zeca Baleiro intitulado O coração do homem bomba . Vamos conferir?!


A festa e a ressaca do Baleiro
Por Andreia Lima*

Rock, reggae, ska, forró, samba, funk, brega, soul, ie-ie-iê, repente... Zeca Baleiro. É assim que chega O coração do homem bomba, novo trabalho do artista maranhense: diverso e sem rótulos. São duas “pílulas” milimetricamente dosadas para curtir uma noite dançante e, em seguida, cair numa ressaca daquelas. O trabalho plural e irreverente perpassa composições clássicas da música popular brasileira; traz novos e antigos parceiros, além de brincar, de forma criativa, com a disposição de vinhetas ao longo do disco.

O coração do homem bomba volumes 1 e 2 são o oitavo e o nono disco, respectivamente, autoral do Baleiro. Em sua obra, o compositor que já “imbolou” à procura de Stephen Fry tocando baladas líricas num mundo cão não se faz de rogado e cria um mix rítmico contemporâneo sem compromisso algum com a etiqueta que será posta pela crítica posteriormente.


Os álbuns foram lançados ano passado pela gravadora do compositor, a Saravá Discos, em um intervalo curto de tempo de apenas três meses entre um e outro. “Quis fazer uma experiência de lançar discos em um intervalo curto. Geralmente quando se faz disco duplo, lança com um intervalo de seis meses, mas eu quis com um intervalo curto, de apenas três meses. Foi também para ter tempo de polir mais o segundo volume”, justifica.


O resultado são 27 canções divididas em dois CDs. Cronologicamente, as canções vão de uma vibração e irreverência, localizadas no primeiro álbum, à introspecção e lirismo do segundo. Nas palavras de Baleiro, “o primeiro é a festa e o segundo é a ressaca da festa”. Os álbuns trazem antigos e novos parceiros do compositor maranhense como Chico César, Wado, Zé Geraldo e André Bedurê. Apaguem as luzes e liguem o som que a festa vai começar. Mas depois, não esqueçam, de tomar a pílula da ressaca.

O baile

Tum Tum Tum... Bum! As batidas da vinheta O coração do homem bomba anunciam em coros e batucadas que o baile do Baleiro começou. Uma batida de radiola de reggae só precede os acordes dançantes de Você não liga pra mim. Depois um forrozinho, em ritmo orquestral, chega com Alma não tem cor, letra de André Abujamra que ganhou as rádios com a banda paulista Karnak.

Vai de Madureira é o samba-funk que tematiza as faces de quem procura o status. “Se não tem água Perrier, eu não vou me aperrear” é um dos inúmeros trocadilhos que marcam o trabalho de Zeca. Um suingue com pegada paraense chega com Elas por Elas, batida que traz na letra as mulheres e suas peculiaridades. Em seguida, em coral, como numa igreja, Aquela Prainha é recitada como crítica à invasão estrangeira às praias nordestinas, trazendo, com isso exploração econômica e sexual.

Em Ela falou malandro o tom é de seresta com pegada brega e letra romântica. “Por ela vou pro rock ,vou pro samba, vou pro funk vou pra tudo que é balada”, diz a letra. O tom romântico prossegue com Você é Má. Mas é na irreverente Bola Dividida, samba de 1974 de Luiz Airão, que o disco atinge o clímax. A regravação ganha na versão de Baleiro uma batida tango, meio cabaré de ser.

Uma sanfoninha enuncia a vinheta Aí Beethoven que versa sobre o compositor erudito alemão. Depois um bom rock chega nas batidas de Toca Raul, a homenagem de Zeca ao compositor maluco beleza e uma resposta bem-humorada aos fãs que insistem em gritar “Toca Raul” em qualquer que seja a balada . Um ar de mistério surge no pop com pegada rapper de Nega Neguinha.

A canção de encerramento de volume 1 é dedicado ao letrista de Pra não dizer que não falei das flores, Geraldo Vandré é a música em tom melancólico que dá o prenúncio do fim da festa. Um baile alegre, vibrante que se finda nas cordas de um violão. Mas o clima de fim de festa é apenas o link para a ressaca que virá.

Day after

Como num amanhecer após uma festa o toque de um piano dá os acordes de Era. Na letra de Zeca e Wado o tema são as reconstruções que o mundo passa depois de grandes catástrofes. Uma sanfona se mistura a violinos num estilo clássico-regional e adentra em Tevê, canção que expõe as ofertas que consomem nosso olhar na televisão. Em seguida, vem uma batida pop ao som de bateria e cordas em Você se foi.

Um coro entoa um hino na vinheta Datena da Raça “a miséria grita/ a miséria canta/ a miséria dança”. Depois a batida de reggae de Débora pragueja a moça na letra “Débora, és uma víbora/ Sai da minha aba, vagaba/ Pára com esse mantra, pilantra”. Um ar de luau invade a ressaca com Na Quitanda, “aum, aum...”, recitam em coro entre um verso e outro. Tacape é rock e, por que não, reggae também. Já Jesus no Cyber Café do Inferno ecoa como um coral de igreja. A ironia é hilária.
Um sonoro reggae traz paz e tranquilidade em I’m Nobody, uma bela composição inspirada no poema de Emily Dickinson. Trova ao cair da tarde dá continuidade ao repertório zen. É uma baladinha que traz os versos “Pra onde fores eu vou/ Aonde flores eu fujo/ Te dou meu poema sujo/ que eu não sei fazer toada”. Os maracás de Boi do Dono do Mar anunciam que é tempo de guarnicê. É um bumba meu boi estilizado. Ê, Baleiro!

Os tristes acordes ao piano de Como diria Odair recitam a letra que homenageia os versos “Felicidade não existe/ só momentos felizes/ No mais são cruzes e crises” do poeta romântico Odair José. E a roda se abre com a canção Pastiche, uma cantiga que nos remete às rodas de cacuriá com uma letra afiada e irreverente. “Ganhei fama fazendo filmes trash/ Vida de horror Ave Maria vixe/ Tenho meu sonho como é de praxe/ Um dia quero ser John Malkovich”, canta.
É com Samba de um Janota só que a ressaca termina anunciando que a festa pode recomeçar. A batida latinizada ao som de sax, composta por Zeca e Chico César, traz versos irreverentes dedicados, como é anunciado na introdução, a “San Martín, Rick Martin, Hugo Chaves y Chapolín Colorado”. Mas irônico, impossível. Mas é um repente, em faixa bônus, que finda O coração do homem bomba volume 2. A canção intitulada “Eu detesto coca light”, parceria do compositor com Chico César, traz humor e crítica. Como não se render a versos como “Gosto de sair à noite de tomar um biri night/ Jurubeba tubaína Johnny Walker Black White/ Me afogo na cangibrina caio no tatibitáti/ Tomo cinco ou seis salinas feito fosse chocolate/ Engulo até gasolina mas detesto coca light”.

*Andréia Lima é jornalista. Colunista da Revista VIP SL. Ela aprecia as boas coisas da vida. E os descaminhos artísticos estão dentre elas.



A Deia vai ser sempre bem vinda aqui. Ela com certeza volta outras vezes!!



Bejocas!!!!

1 comentários:

Anônimo disse...
15 de julho de 2009 às 21:48

Apesar de maranhense eu não curto muito nem ele nem a alcione entetanto não nego que ambos possuem musicas bacanas.
Um abraço !

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